Kadomatsu
Kadomatsu são as decorações de Ano Novo feitas de pinheiros e bambus. Elas são colocadas nos dois lados das entradas das casas.
Tradicionalmente, os feriados de Ano Novo, conhecidos como shogatsu, eram uma época para se agradecer os deuses (kami) que zelavam pelas colheitas e também para dar as boas vindas aos espíritos dos ancestrais que protegiam as famílias. O costume de exibir kadomatsu (decorações de galhos de pinheiros e bambus colocados nos dois lados das entradas das casas) e shime-kazari (decorações com cordões de palha) era para dar boas vindas a esses deuses e espíritos. No começo do ano, as pessoas expressavam apreciação aos deuses e espíritos dos ancestrais e rezavam por uma colheita próspera no ano novo. Por essa razão, o feriado de Ano Novo para os japoneses é o mais importantes de todas as celebrações do ano. Muitas pessoas nessa época elaboram projetos e tomam novas decisões para o ano que se inicia.
Nengajo (Cartões de Ano Novo)Durante o feriado de Ano Novo, as pessoas recebem cartões de saudações, conhecidos como nengajo, de parentes, amigos e conhecidos. O número de nengajos enviados para o Dia de Ano Novo de 2013 foi de aproximadamente 1,9 bilhão.
Hatsumode (A primeira visita do ano aos santuários e templos)Durantes esses feriados, as famílias e amigos vão juntos realizar a primeira visita do ano, conhecida como hatsumode, aos santuários xintoístas e templos budistas. No caso dos santuários xintoístas, essas visitas eram feitas originalmente aos santuários que são conhecidos por estarem em “direção favorável” a partir da casa do visitante. O propósito dessas visitas era o de rezar por uma rica colheita e pela proteção da família e do lar no ano que estava por vir.
Hatsumode
Durante os feriados de Ano Novo, as pessoas vão aos santuários e templos para rezar por saúde e prosperidade no ano que se inicia.
(Fotos cortesia de AFLO)
O Santuário Meiji Jingu em Tóquio recebe o maior número de visitantes no hatsumode (3.13 milhões em 2013), durante os três primeiros dias do ano. O número de visitantes ao Templo Naritasan Shinshoji na Província de Chiba chegou a 3 milhões, e ao Templo Kawasaki Daishi na Província de Kanagawa, 2.98 milhões, em 2013.
Otoshidama (presentes em dinheiro para as crianças)Durante os feriados de Ano Novo, as crianças recebem presentes especiais em dinheiro conhecidos como otoshidama, de seus pais e parentes. Dessa maneira, as crianças têm uma razão especial para aguardar com ansiedade a chegada do Ano Novo e, nos anos recentes, não é incomum para crianças no Ensino Fundamental e Médio receberam quantias de 5.000 ou 10.000 ienes por presente. Quando todos os otoshidama são reunidos, eles podem totalizar uma quantia de muitas dezenas de milhares de ienes.
Otoshidama
Presentes em dinheiro para crianças no Ano Novo
Antigamente, quase todas as crianças participavam de brincadeiras especiais de Ano Novo ao ar livre como empinar pipas, rodar piões (especialmente para meninos) e um jogo para meninas parecido com o badminton, chamado hanetsuki. Brincadeiras dentro de casa incluíam os jogos de cartas uta karuta, que testavam a rapidez em que os participantes reconheciam poemas de Hyakunin Isshu (“100 Poemas por 100 Poetas”), e um jogo de tabuleiro chamado sugoroku, similar ao gamão. Entretanto, para as crianças de hoje, cercadas por tantas formas diferentes de entretenimento, esses jogos de Ano Novo vêm perdendo a sua prévia popularidade.
De acordo com o calendário lunar que era utilizado até 1873, na qual a numeração dos meses estava por volta de um mês e meio atrás em relação ao calendário solar moderno, a chegada da primavera (Risshun ou Setsubun) foi designada como o terceiro ou quarto dia do segundo mês. Alguns dos costumes observados no Setsubun ainda são praticados no dia 3 ou 4 de fevereiro, mesmo que este coincida com o período mais frio do inverno. Por exemplo, existe o ritual de se abrir portas e janelas das casas expelindo a má sorte e demônios ao lançar feijões para o alto enquanto se diz “fuku wa uchi, oni wa soto” (“sorte entre e demônios saiam!”). Também se acredita que nesse dia, as pessoas poderão se manter saudáveis caso comam o número de feijões equivalente à sua idade. Esse foi um costume que começou a ser observado originalmente na corte imperial no último dia do ano lunar para simbolizar a saída dos maus espíritos, do frio e da tristeza do inverno, assim como para dar as boas-vindas à celebração de uma nova e brilhante primavera.
Setsubun
Setsubun – “sorte entre e demônios saiam!”
Hina Matsuri é celebrado no dia 3 de março, quando a primavera não está distante. Esse é um evento anual para se rezar pela felicidade e crescimento saudável das meninas. Nesse dia, as famílias expõem hina ningyo, bonecos vestidos em trajes tradicionais da corte, flores de pessegueiro e oferendas de iguarias como saquê branco, bolos de arroz em forma de diamante (hishimochi), e pedaços de bolo de arroz seco (arare).
A prática de Hina Matsuri deriva das crenças antigas no ritual de purificação. Acreditava-se que maus atos e falhas poderiam ser lavados e purificados em rituais realizados junto às correntes de água. Posteriormente, bonecos feitos de papel foram usados nesses rituais, e após o Período Edo (1600 – 1868) esses bonecos começaram a ser confeccionados nas formas em que os hina ningyo são vistos hoje.
Uma prateleira de exposição de hina (bonecos)
Os bonecos, acessórios e flores de pêssego são exibidos no começo de março.
A tradicional observância do Haru no Higan, ou “higan da primavera”, coincide com o período de sete dias centrando no equinócio da primavera, por volta do dia 21 de março. Nessa época, as pessoas visitam os túmulos dos parentes, prestam homenagens às almas dos seus ancestrais, e pedem aos sacerdotes budistas que leiam sutras em sua memoria. Uma prática similar, conhecida como Aki no Higan, ou “higan do outono”, acontece durante uma semana, centrando no equinócio de outono por volta do dia 23 de setembro.
Hanami (Apreciação do florescer das cerejeiras) No final de março e começo de abril, quando ocorre na maior parte do Japão o florescer das cerejeiras, simbolizando o início do florescer do país, os japoneses se confraternizam em piqueniques conhecidos como hanami (“observação das flores”), que acontecem debaixo das cerejeiras floridas. O costume de fazer piqueniques para comer e beber debaixo das cerejeiras floridas na primavera tem sido uma prática popular desde o período Edo.
Hanami
Uma alegre festa sob as cerejeiras completamente floridas.
Abril pode ser uma época um tanto estressante para estudantes, que estão começando um novo ano escolar, e para os novos funcionários de empresas, que geralmente iniciam suas carreiras nesse mês, quando se inicia o ano fiscal do Japão. Contudo, a partir do final de abril, muitas pessoas tiram entre uma semana e 10 dias de férias, já que esse período acumula uma série de feriados nacionais consecutivos nesse período, incluindo o Dia de Showa, em 29 de abril, o Dia da Constituição, em 3 de maio, o Dia do Verde, em 4 de maio, e o Dia das Crianças, em 5 de maio. Essa época é comumente chamada de “Semana Dourada”. O clima está quente e agradável para excursões, e os destinos turísticos por todo o Japão se alvoroçam com multidões de visitantes. A “Semana Dourada” é famosa pelos engarrafamentos e pelas multidões que ocupam os trens e aeroportos.
Dia das CriançasO Dia das Crianças, que acontece no dia 5 de maio, durante a “Semana Dourada”, era tradicionalmente chamada de “Tango no Sekku” (“Dia dos Meninos”, em português), e era um dia reservado para desejar um crescimento saudável e uma futura carreira de sucesso para os meninos. As decorações tradicionais são as flâmulas de tecido em forma de carpas atadas aos mastros (koinobori) e bonecos com roupas de guerreiros (mushaningyo), enquanto as comidas são bolinhos de arroz embrulhados com folhas de bambu (chimaki) e doces de arroz embrulhados com folhas de carvalho (kashiwamochi).
Flâmulas de carpas
Serpentinas de tecido em formato de carpas são hasteadas para marcar o Dia das Crianças
Em tempos antigos, o quinto mês do ano era considerado um mês ruim, e o quinto dia daquele mês era considerado especialmente um dia de má sorte. Tango no Sekku primeiramente era considerado o dia anual da prática de purificação para eliminar toda impureza.
Nesse dia pratica-se o costume de se tomar banho com água quente e folhas de íris. Acreditava-se antigamente que essas folhas tinham não apenas propriedades medicinais, mas que podiam expulsar o mal.
A primeira festividade do verão é conhecida como tanabata, e acontece no dia 7 de julho. É um dia em que se comemora uma historia romântica, que primeiramente foi trazida para a corte imperial do Japão pela China e Coreia e, em seguida, veio a se tornar popular entre as pessoas em geral. Tratava de um encontro que acontecia uma vez por ano em uma ponte na Via Láctea entre a “estrela vaqueiro” e a “estrela princesa tecelã”. Acreditava-se que os pedidos feitos nesse dia seriam realizados; nos jardins e em outros lugares, pessoas acomodavam caules de bambu, em cujos ramos prendiam tiras de papel onde seus pedidos eram escritos.
Tanabata
No dia 7 de julho, as pessoas escrevem seus pedidos em tiras finas de papel e os decoram com folhas de bambu para o Festival Tanabata
Hoje, os festivais Tanabata são celebrados em inúmeros lugares por todo o Japão. Alguns dos mais conhecidos acontecem no Santuário Kitano Tenmangu, em Kyoto, O Santuário Konpira, na Província de Kagawa, e nas cidades de Hiratsuka, na Província de Kanagawa e em Takaoka, na Provincia de Toyama. Também muito popular na Província de Miyagi é o festival Tanabata de Sendai, que acontece um mês depois, no dia 7 de agosto, e sua realização é mais próxima ao período em que era celebrada anteriormente, segundo o calendário lunar.
Queima de Fogos de ArtifícioPor todo o Japão, os céus nas noites de verão se iluminam com fogos coloridos, já que várias localidades fazem queimas de fogos de artifício (hanabi taikai). A tecnologia japonesa em fogos de artifício é considerada como a melhor do mundo, e transmitida de geração a geração desde o período Edo. As queimas de fogos de artificio hoje em dia são geralmente controladas por computadores, com o intuito de aumentar a sua precisão e espetaculares efeitos visuais. Em Tóquio, a queima de fogos de artificio ao longo do rio Sumida têm sido uma tradição desde o período Edo.
Queima de fogos
Bon ou Obon é uma festa anual para dar as boas vindas e consolar as almas dos ancestrais que, segundo a crença, visitam as casas dos familiares durante essa época do ano. Originalmente a data era celebrada em meados do sétimo mês de acordo com o calendário lunar. No presente, é realizada na maioria dos lugares entre 13 e 15 de julho, embora em algumas regiões aconteça entre 13 e 15 de agosto.
Em 13 julho, fogos de boas vindas (mukaebi) são acesos para saudar os espíritos dos ancestrais. Assim, no dia 16, os fogos de despedida (okuribi) são acesos enquanto as almas dos ancestrais retornam ao mundo dos espíritos.
Durante o Bon, muitas companhias e lojas se fecham para férias, e como muitas pessoas que trabalham longe de seus locais de origem costumam retornar com seus familiares, meios de transporte, assim como na Golden Week, ficam muito congestionados.
De acordo com o calendário lunar, a lua cheia que surge por volta de meados do nono mês era chamada de “lua de meados de outono” (chushu no meigetsu), e se tornou um costume a preparação de festas para observação da lua, para apreciação de sua beleza particular. Esse costume era originalmente praticado na China e que foi levado ao Japão durante o período Heian (794-1185). Casas eram decoradas com capim de eulália (susuki) e bolinhos eram feitos e oferecidos à lua juntamente com pequenas porções da colheita de outono.
Tsukimi
Durante a festividade do tsukimi (observação da lua), as pessoas fazem oferendas de bolinhos (dango) e capins de susuki, enquanto apreciam a lua cheia
O dia 15 de novembro é o dia de se visitar os santuários xintoístas com os meninos de três e cinco anos e meninas de três e sete anos para rezar pela sua segurança e crescimento saudável. Tradicionalmente, os meninos pequenos vestem haori (meio casaco japonês) e hakama (saias divididas) e as meninas vestem kimono, mas muitas são vistas hoje em dia usando ternos e vestidos. Nesse dia, os pais compram no santuário um tipo de doce chamado chitose-ame, que se acredita ter poder para transmitir orações por uma vida longa e, nas casas, as famílias celebram comendo arroz fervido com feijões vermelhos (sekihan) e pargo preparado inteiro com cabeça e cauda (okashiratsuki no tai).
Após o início de dezembro, muitas festas de final de ano conhecidas como bonenkai podem ser vistas em bares e restaurantes. Essas festas são motivadas tanto pela ideia de se expressar gratidão pelo trabalho duro das pessoas durante o ano, como pela ideia de se esquecer das dificuldades, além de se ter um tempo agradável ao final do ano. Pessoas de todas as idades e pertencentes a todos os tipos de grupos, incluindo estudantes e funcionários de empresas, se ocupam na preparação desses eventos. Na maior parte dos casos, cada participante gasta do seu próprio bolso, mas existem casos onde as empresas financiam o bonenkai para seus funcionários, cobrindo os custos da festa.
NatalNo Japão, o Natal se tornou popular como uma comemoração sazonal e, sendo ou não cristãos, os japoneses tomaram gosto por exibir árvores de natal, comer o “bolo de Natal” e trocar presentes de Natal. Esse é um tempo especialmente empolgante para as crianças, as quais aguardam a chegada dos presentes trazidos pelo Papai Noel enquanto elas dormem.
Virada de AnoQuando o Natal acaba e terminam os bonenkai, já é quase 31 de dezembro, chamado de omisoka, em japonês. Pouco antes da meia-noite, os templos budistas por todo o país começam a bater os sinos em tradição chamada de joya no kane. Os sinos são badalados 108 vezes, simbolizando a purificação do que se conhece como os “108 desejos mundanos” (bonno). Depois disso, um novo ano se inicia com o feriado do Shogatsu.
Sinos de Ano novo