Embaixada do Japão

Japan Fact Sheet

Comércio e Investimentos

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Uma Mudança para o Comércio Horizontal

Automóveis Prontos para Exportação
Automóveis prontos para exportação
(Foto: Cortesia da Toyota Motor Corporation)

Introdução

A acelerada globalização econômica continua a ampliar e aprofundar as relações de comércio e investimentos do Japão com países da América do Norte, Ásia e Europa. A prosperidade econômica do Japão, impulsionada pelo comércio na segunda metade do século XX, foi possível graças ao progresso alcançado na conquista da liberalização do comércio multilateral, um progresso que pode ser, em grande parte, atribuído aos trabalhos do Acordo Geral de Comércio e Tarifas – GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) e da Organização Mundial do Comércio – OMC. Desde o final dos anos 90, contudo, as negociações da OMC se estagnaram, parcialmente devido a diversificação das questões tratadas e aos múltiplos e frequentes conflitos de interesse entre um crescente número de membros da organização. Na ausência de acordos globais na OMC, a tendência nos anos recentes tem sido a de negociar Acordos de Livre Comércio (FTA) de aplicação mais limitada.

Comércio

Imediatamente depois da 2ª Guerra Mundial, a devastação do Japão causou um déficit contínuo no comércio exterior, além de uma falta crônica de capital estrangeiro. Em 1952, contudo, o Japão entrou para o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, três anos depois, aderiu ao GATT. Entre o final dos anos 1950 e o final dos anos 1960, a introdução de tecnologias avançadas e a construção de uma infraestrutura industrial extensiva no país aumentou a capacidade de exportação do Japão. Durante esse período, o comércio japonês foi conduzido de acordo com o modelo vertical das usinas de processamento, importando matérias-primas e exportando produtos prontos. Em 1954, o Japão anunciou sua ratificação do artigo 8 do documento de constituição do FMI, que estipulava a eliminação de todas as restrições ao comércio exterior, aguçando ainda mais a modernização e o alto crescimento. A balança comercial japonesa começou a registrar superávit a partir da segunda metade dos anos 1960, apesar de as crises do petróleo em 1973 e 1979 terem causado déficits temporários na balança comercial. Nos anos 80, o comércio do Japão começou a se transformar rapidamente, tendendo a um modelo horizontal caracterizado tanto pela importação como pela exportação de produtos manufaturados.

Desde a década de 90, a parcela do comércio mundial representada pelas exportações e importações dos países do Leste da Ásia se expandiram expressivamente, e, com essa expansão, a dependência do Japão no comércio com o Leste da Ásia também aumentou, particularmente com a China.

Desde o início do século XXI, as importações e exportações têm avançado com tranquilidade devido ao superaquecimento da economia norte-americana e à vitalidade econômica da China. Contudo, com a crise econômica global surgida do colapso do Lehman na segunda metade de 2008, as exportações japonesas sofreram uma redução. Além disso, os custos do petróleo e de outros importados aumentaram, fazendo com que o Japão registrasse seu primeiro déficit comercial em 28 anos.

Exportações
A partir do final da década de 50, a composição das exportações japonesas passou a focar-se em produtos da indústria de grande porte, se afastando das indústrias têxtil e de pequeno porte. Nos anos 70, a importância das exportações de matérias-primas industriais, como produtos químicos e aço, entrou em declínio, e as exportações de maquinário e eletrônicos aumentaram conforme produtos de valor agregado ganhavam uma ênfase cada vez maior.

A partir dos anos 80 e até o início dos anos 90, houve um rápido aumento das exportações de produtos de tecnologia intensiva – como computadores, semicondutores, eletrônicos de uso comum, ferramentas industriais, máquinas de fax, automóveis e outros meios de transporte. O índice que mede o aumento das exportações começou a desacelerar de forma significativa em meados dos anos 90, parcialmente devido ao estabelecimento de indústrias manufatureiras de empresas japonesas no exterior. Os atritos comerciais levaram os fabricantes de automóveis e outras empresas a construírem fábricas nos Estados Unidos e na Europa, e, para manter a competitividade dos preços em vista da valorização do iene, muitas companhias transferiram para a China e outros países asiáticos a produção de produtos e componentes de menor complexidade técnica e que demandavam uma força de trabalho mais intensa. A presença industrial japonesa na China alavancou fortemente as exportações de bens de capital, componentes e peças para o país.

Importações
No período imediatamente depois da guerra, os principais itens de exportação eram fibras têxteis que eram processadas e transformadas em tecidos. Nos anos 60 e 70, depois da mudança para a indústria de grande porte, os itens de importação mais importantes eram combustíveis fósseis e minérios de metal. Como resultado das duas crises do petróleo que ocorreram na década de 70, os preços do petróleo bruto aumentaram vertiginosamente, e, em 1980, os combustíveis minerais representavam cerca de 50% do total de importações. Nos anos mais recentes, a importação de combustíveis minerais variou de 15% a 20% do total de importações, parcialmente devido às mudanças nos preços do petróleo bruto.

A proporção de produtos manufaturados no total de importações cresceu de 20%, na década de 1970, para 50% nos anos 80 e 60% desde os anos 90, uma parcela muito similar a das economias desenvolvidas do ocidente. Um fator importante no aumento das importações de bens manufaturados foi a expansão das exportações para o Japão de fábricas estabelecidas no exterior por companhias japonesas desde a década de 80, principalmente na China e no restante da Ásia.

O comércio com a China teve particular expansão desde o final dos anos 1990. As empresas japonesas aceleraram suas operações na China depois da expansão da demanda interna do país e de sua admissão à Organização Mundial do Comércio em 2001, e o comércio entre os dois países continua a aumentar.

Embora a importação de computadores e outros produtos de tecnologia da informação tenha crescido, as vendas de produtos eletrônicos de uso pessoal, como televisores, têm registrado no Japão um consumo maior de produtos importados que nacionais.

Uniqlo

A UNIQLO se expande internacionalmente
(foto da loja em Regent Street em Londres)

Atrito Comercial

Embora o Japão importe uma grande porcentagem de seu combustível, artigos de alimentação e matérias-primas utilizadas por suas indústrias, esses artigos costumam ser importados na forma de bens de valor agregado, que passaram a representar uma grande parcela do mercado em muitos países com que o Japão comercializa. Algumas vezes, isso resulta em atritos comerciais, que tem se tornado um problema recorrente desde a metade dos anos 1950.

Até o início dos anos 80, esses atritos envolviam principalmente esforços para controlar o aumento das exportações japonesas em resposta a acusações de “dumping” (venda de produtos no exterior a preços mais baratos que no país de origem). As queixas dos Estados Unidos levaram o Japão a estabelecer restrições voluntárias nas exportações para os Estados Unidos de artigos de algodão (1957), aço (1969), lã e fibras sintéticas (1972), televisores coloridos (1977) e automóveis (1981). O Japão também concordou em restringir as exportações de aço para a Europa em 1972.

Por outro lado, desde o início da década de 80, o foco mais frequente dos atritos comerciais, principalmente com os Estados Unidos, envolveu tentativas de aumentar as exportações para o Japão concedendo a empresas estrangeiras maior acesso ao mercado japonês e eliminando as chamadas “barreiras não tarifárias”. Objetivando a liberalização das importações, o governo japonês tomou medidas econômicas como o corte unilateral de tarifas, a remoção de restrições às importações, a reforma dos padrões do sistema de certificação e campanhas de promoção das importações. A liberalização de importados agrícolas, um assunto politicamente delicado, levou à eliminação ou redução das restrições à carne, frutas cítricas e muitos outros artigos de alimentação.

Insatisfeito com o ritmo das medidas de abertura de mercado, na primeira metade dos anos 90 os Estados Unidos exigiram uma parcela predeterminada do mercado japonês para artigos como semicondutores, automóveis e peças automobilísticas. Isso levou a desentendimentos sobre metas numéricas, que enfrentaram forte oposição do Japão. Desde a metade da década de 90, esforços para resolver os atritos comerciais passaram gradualmente para espaços internacionais como a OMC, onde muitos países estão envolvidos nas negociações. Questões bilaterais de economia e comércio entre o Japão e os Estados Unidos continuaram a ser abordadas por meio de dispositivos como a Iniciativa Japão-EUA de Reforma Regulatória e Políticas de Concorrência.

O déficit comercial dos Estados Unidos com o Japão chegou a um pico de 70,8% do total do déficit comercial dos Estados Unidos em 1981 e foi sofrendo reduções graduais desde 1992, caindo para 10,5% em 2007. Considerando fatores como a redução do déficit comercial dos EUA, o fortalecimento das relações de investimentos, e as melhorias no sistema de resolução de conflitos da OMC, os atritos da relação econômica Japão-EUA foram substituídos por uma relação harmônica de diálogo construtivo.

Investimentos

No período imediatamente pós-guerra, o envolvimento das empresas japonesas nas economias estrangeiras foi centrado na exportação de bens. A partir da década de 80, o investimento empresarial direto no exterior começou a crescer motivado por fatores como: a transição para a produção no exterior em virtude de atritos comerciais, como aconteceu com os mercados automobilísticos da Europa e América do Norte; a transição para a produção no exterior em virtude da valorização do iene, como aconteceu com fabricantes de produtos eletroeletrônicos, em particular, que transferiram suas atividades para o Sudeste da Ásia e para a China em busca de uma força de trabalho de alta qualidade e baixo custo; e a transição de indústrias de produção para países como a China, objetivando desenvolver mercados com potencial de um aumento expressivo na demanda. Na década de 80, uma grande parte do investimento estrangeiro direto do Japão foi para a América do Norte e Europa. Nos anos 90, a parcela de investimentos na Ásia passou a crescer. De acordo com as tendências da balança de pagamentos internacionais do Ministério da Fazenda e do Banco do Japão, o investimento externo registrou 13,23 trilhões de ienes em 2008, crescendo 52% em relação ao ano fiscal anterior, registrando o maior índice da história. Medidas voltadas para estimular o investimento em transporte, maquinário, ferramentas e outras áreas da indústria manufatureira foram as principais razões desse resultado.

Embora as empresas japonesas tenham se tornado empreendimentos multinacionais de forma mais lenta, se comparadas com o setor empresarial norte-americano, esse processo de globalização continua em curso.

Balança de Pagamentos

A componente mais frequentemente utilizada no desempenho da balança de pagamentos é a balança comercial, que é definida pela diferença entre as exportações e importações de um país. Desde a metade dos anos 60, o Japão tem tido um superávit consistente, que passou a se expandir rapidamente na década de 80. Esse superávit alcançou uma nova alta de 12,39 trilhões de ienes em 1994, antes do aumento nas atividades de importação e de outros fatores que causaram uma redução para 6,74 trilhões de ienes em 1996. Logo em seguida, a estagnação da economia japonesa resultou em uma redução repentina das importações e, associado à força do dólar americano, isso levou a um novo aumento do superávit em 1998 para 15,99 trilhões de ienes. Desde então, o superávit tem variado, tendo registrado 12,26 trilhões de ienes em 2003.

Em 1996, o Japão revisou o método utilizado para calcular sua balança de pagamentos internacionais, e começou a registrar estatísticas oficiais apenas em ienes ao invés de registrá-las tanto em ienes como em dólares americanos. A mudança resultou na combinação do comércio de bens e de serviços comerciais na categoria de bens e serviços da balança, e na eliminação das diferenças entre as categorias da balança de contas de capitais de longo e de curto prazo.

Dentro dessa balança de transações correntes, o Japão teve um déficit crônico em sua balança de transferências correntes e em sua balança de comércio de serviços. Alguns fatores que contribuíram com o déficit no comércio de serviços são as balanças negativas do Japão em relação a suas taxas de exportação, taxas de licenciamento, e turismo (cerca de 16,9 milhões de turistas japoneses viajaram ao exterior em 2011). Em 2003, o déficit do comércio de serviços do Japão caiu consideravelmente, parcialmente como resultado da queda do turismo internacional causado pela SARS e parcialmente devido a um aumento na renda oriunda de royalties de patentes registradas pelos fabricantes de automóveis e de outras empresas japonesas no exterior. A balança de contas correntes também foi afetada pela crise econômica global que eclodiu na segunda metade de 2008.

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