Discurso sobre Política Externa do Ministro dos Negócios Estrangeiros Seiji Maehara à 177ª Sessão da Assembléia Legislativa do Japão – DIETA
24 de janeiro de 2011
No início desta 177ª Sessão da Assembléia Legislativa do Japão – DIETA, gostaria de apresentar meu posicionamento sobre a orientação básica da política externa japonesa.
Desde que assumi o posto de Ministro dos Negócios Estrangeiros, tenho enfatizado a importância do desenvolvimento de uma diplomacia econômica com uma perspectiva de médio a longo prazo para que o Japão possa desempenhar um papel mais construtivo na Ásia e no mundo, que estão passando por mudanças bastante dinâmicas. O Japão tem realizado, há bastante tempo, contribuições internacionais de diversas formas como através da Ajuda Oficial para o Desenvolvimento – ODA (Official Development Assistance). Essa predisposição do povo japonês em contribuir com a comunidade internacional é apreciada mundialmente. Os japoneses são, de fato, recebidos com respeito e senso de familiaridade em quase todas as áreas do planeta. Apesar disso, não precisamos mencionar que a assistência e a cooperação, por exemplo, por meio da construção de escolas em pequenos vilarejos buscando alcançar crianças que queiram receber educação, assim como o apoio à medidas antipoluição nos países emergentes, só são possíveis graças à capacidade de nossa própria economia. Precisamos reconhecer que só podemos desenvolver a diplomacia de acordo com nossas capacidades. Portanto, o desenvolvimento estratégico da diplomacia econômica e o fortalecimento da economia, que fornecem as bases de nosso país, se traduzem na abrangência e intensificação de nossa capacidade diplomática.
Nesse ínterim, o Japão enfrenta atualmente diversos desafios e dificuldades tanto interna como internacionalmente. No âmbito nacional, existem três fatores limitadores: o encolhimento da população, a queda da taxa de natalidade e o envelhecimento da sociedade, e a dimensão gigantesca do déficit fiscal. Quando olhamos além de nossas fronteiras, o ambiente de segurança do Japão está se tornando cada vez mais grave. A comunidade internacional está sendo desafiada por um grande número de problemas, como questões ambientais e o terrorismo. A competição por recursos e energia também está se intensificando. O Japão precisa responder a essas mudanças de forma flexível e ativa a fim de alcançar um maior desenvolvimento.
Para que o Japão continue sendo um país pacífico, estável e próspero, além de desenvolver uma relação internacional favorável nesse novo ambiente estratégico regional e internacional, é indispensável a existência de um arcabouço de segurança sólido, tendo a Aliança entre Japão e Estados Unidos como parte fundamental. Como indicado nas Diretrizes do Programa Nacional de Defesa – NDPG (National Defense Program Guidelines), o Japão fortalecerá suas próprias capacidades de defesa, simultaneamente com o desenvolvimento e aprofundamento do arcabouço de segurança entre o Japão e os Estados Unidos visando adaptar-se ao ambiente de segurança atual. Além disso, acredito que é importante tomar iniciativas proativas para moldar uma nova ordem regional por meio de ações para enfrentar os diversos desafios enfrentados pela comunidade internacional atualmente na cooperação com as Nações Unidas e outros países vizinhos.
Em meio a um período de mudanças dinâmicas na comunidade internacional, estou decidido a promover ainda mais o “estado democrático de direito” e, em cooperação com outros países, implementar uma diplomacia proativa em direção a uma comunidade internacional harmônica.
Com base na política básica estabelecida acima, agora falarei das pautas específicas desse ano para a política externa japonesa.Gostaria de começar explicando a diplomacia econômica que pretendo promover. Ela compreende quatro pilares, especificamente: sistema de livre comércio; assegurar uma oferta estável de recursos, energia e alimentos; promoção internacional de sistemas de infraestrutura; e promoção do Japão como uma nação voltada para o turismo.
Primeiro de tudo, como parte de um esforço para promover o sistema de livre comércio, buscaremos alcançar parcerias econômicas de alto nível com cada país, tendo por base a Política Básica sobre Parcerias Econômicas Abrangentes aprovada pelo Gabinete Executivo no último mês de novembro. Concluímos as negociações dos Acordos de Parceria Econômica – EPA (Economic Partnership Agreement) com a Índia e o Peru no último ano. Neste ano, trabalharemos para iniciar negociações com a União Européia (UE) e a Mongólia. Trabalharemos para que, em breve, sejam concluídas as negociações com parceiros como a Austrália, e retomadas as negociações com a República da Coréia (Coréia do Sul). Com relação ao Acordo de Parceria do Transpacífico – TPP (Trans-Pacific Partnership), que é o único dentre os possíveis caminhos em direção à Área de Livre Comércio da Ásia e do Pacífico – FTAAP (Free Trade Area of the Asia Pacific) em que o processo de negociação já está em curso, começamos a reunir informações e realizar consultas com os países relevantes. Decidiremos pela participação ou não nas negociações por volta de junho deste ano, considerando os resultados dessas consultas e todos os outros fatores, incluindo o entendimento do povo japonês e o avanço dos preparativos para as medidas domésticas que forem necessárias. Além disso, pretendemos avançar com a Pesquisa Conjunta sobre o Acordo de Livre Comércio – FTA (Free Trade Agreement) entre Japão, China e Coréia do Sul, e participaremos ativamente das discussões sobre, por exemplo, a Área de Livre Comércio do Leste Asiático – EAFTA (East Asia Free Trade Area) e a Parceria Econômica Abrangente do Leste Asiático – CEPEA (Comprehensive Economic Partnership in East Asia).
Também faremos nossos esforços mais intensos pela conclusão, o quanto antes, das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio – OMS.
Em segundo lugar, para assegurar uma oferta estável de recursos naturais, energia e alimentos, trabalharemos para reunir maiores informações por meio das missões diplomáticas, e fazer um esforço nacional integrado de todo o Japão para reforçar a cooperação estratégica com outros países, utilizando meios diplomáticos como o intercâmbio de visitas de alto nível e a ODA. Em particular, para assegurar metais e terras raras, além de outros recursos minerais, o Japão concordou em fortalecer as relações de colaboração com países como os Estados Unidos, Austrália, Mongólia, Índia, Vietnã e Cazaquistão desde o início da administração do Primeiro-Ministro Kan. Continuaremos a promover uma diplomacia multifacetada de recursos por meio da cooperação pública e privada, além do aprofundamento das relações com países ricos em recursos.
O terceiro pilar é a promoção internacional dos sistemas japoneses de infraestrutura. Promoveremos ativamente as tecnologias avançadas do Japão para satisfazer a demanda crescente no mundo por infraestrutura, particularmente na Ásia e nos países emergentes. Esperamos que esse esforço também contribuirá para o crescimento da economia japonesa. No último ano, o Japão foi selecionado parceiro de cooperação para construir usinas de energia nuclear no Vietnã, sendo o primeiro acordo bem-sucedido nos mercados emergentes. Além disso, participei da Segunda Reunião do Fórum Econômico entre Japão e Países Árabes no último mês de dezembro, onde os participantes concordaram em ampliar as relações econômicas com os países árabes, tornando-os um mercado atrativo e um destino de investimentos. Eu pretendo liderar pessoalmente os esforços de marketing do Japão em áreas prioritárias como geração de energia nuclear, ferrovias de alta velocidade e instalações para o fornecimento de água em economias emergentes da Ásia, América Latina, Oriente Médio, África e outras regiões. Tomaremos medidas abrangentes para promover a infraestrutura do Japão através da intensificação das atividades de nossas missões diplomáticas, incluindo a indicação de Assistentes Especiais para projetos de Infraestrutura e reforçando o serviço de financiamento de instituições governamentais e agências afiliadas ao governo, incluindo a retomada do Financiamento de Investimentos do Setor Privado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão – JICA (Japan International Cooperation Agency). Isso será feito de forma abrangente, incluindo o fortalecimento das medidas necessárias para apoiar o setor privado.
O quarto pilar é a promoção do Japão como um país voltado para o turismo. Desde a mudança de governo, o governo do Japão tem promovido a internacionalização do Aeroporto de Haneda e uma política de céus abertos. O Governo também diminuiu a rigidez de algumas exigências para concessão de vistos a turistas chineses e criou recentemente o Visto para Permanência Médica. Devido a esses esforços, estima-se que o número de visitantes estrangeiros ao Japão em 2010 tenha sido o maior da história. O Japão pretende aumentar o número de turistas que visitam o país para estimular a economia japonesa através da expansão da demanda interna e do aumento no número de empregos. Pretendemos fortalecer nossas medidas para atrair estrangeiros comunicando as vantagens que o país oferece, por meio de missões diplomáticas em cooperação com a Agência de Turismo do Japão.Ambiente Internacional Envolvendo o Japão e Fortalecimento das Relações com Países e Regiões
Para progredir na diplomacia econômica e ampliar rapidamente o poder diplomático em geral do Japão, é indispensável um ambiente estável nas esferas regional e internacional. A Aliança Japão – Estados Unidos serve não só como parte fundamental da política externa e da segurança do Japão, mas também como um bem público para a estabilidade e prosperidade não apenas da região da Ásia e do Pacífico, mas também do mundo. Desde o começo da administração do Primeiro-Ministro Kan, no ano passado, os líderes do Japão e dos Estados Unidos concordaram em muitas ocasiões que os dois países deveriam trabalhar juntos para aprofundar e desenvolver ainda mais a Aliança, visando adaptá-la ao século XXI, com base nos três pilares de segurança, economia e intercâmbios culturais e entre pessoas. Quando visitei os Estados Unidos este mês, a Secretária de Estado Clinton e eu reafirmamos nosso trabalho conjunto para viabilizar a visita do Primeiro-Ministro Kan aos Estados Unidos na primeira metade deste ano, visando estabelecer novos Objetivos Estratégicos Compartilhados que sejam efetivos no ambiente internacional atual em que os dois países se inserem. Ambos os governos manterão um diálogo íntimo para apresentar uma visão voltada para o século XXI para a Aliança entre Japão e EUA, na forma de uma declaração conjunta por ocasião da visita.
Em um ambiente de segurança cada vez mais grave, o Japão vai acelerar o processo de consultas para aprofundar a Aliança na área de segurança e avançar na cooperação com os Estados Unidos em uma amplitude de áreas diferentes de maneira concreta e estável. Quanto à relocação da Base Aérea de Futenma, primeiro precisamos oferecer nossas sinceras desculpas à Prefeitura de Okinawa pela série de acontecimentos que se seguiram à mudança de governo dois anos atrás e pela concentração excessiva de áreas militares e instalações dos Estados Unidos em Okinawa. Com base nisso, o governo vai implementar com vigor os acordos entre Japão e Estados Unidos de maio do ano passado e, ao mesmo tempo, desempenhar seus melhores esforços para reduzir o impacto sobre Okinawa. Esforçaremos-nos com sinceridade para ganhar a compreensão do povo de Okinawa. Além disso, busco seu apoio na deliberação e aprovação sem demora do Acordo de Medidas Especiais sobre o Apoio de Nações Anfitriãs ainda neste ano fiscal.
Na frente econômica, conduziremos um processo mais amplo de coleta de informações e consultas com os Estados Unidos sobre a liberalização do comércio e dos investimentos, incluindo o Acordo de Parceria do Transpacífico – TPP, e promoveremos parcerias em áreas como energia limpa, ferrovias de alta velocidade, trens de levitação magnética (Maglev) e recursos estratégicos, incluindo metais e terras raras.
Em seguida, preciso mencionar minhas opiniões sobre o fortalecimento das relações com nossos países vizinhos, incluindo os países da Ásia que estão passando por mudanças dinâmicas.
Na região da Ásia e do Pacífico, em parceria com os Estados Unidos e países asiáticos, o Japão pretende se engajar ativamente na diplomacia e contribuir para a paz e prosperidade da região.
Sendo a 2ª e a 3ª potência econômica do mundo, a interdependência entre Japão e China deverá se aprofundar em diversos aspectos. A partir dessa perspectiva mais ampla, pretendemos aprofundar a “Relação Mutuamente Benéfica baseada em Interesses Estratégicos Comuns” e promover uma cooperação concreta em diversas áreas como na exploração de recursos no Mar do Leste da China, meio ambiente, mudanças climáticas e finanças internacionais. Nesse ínterim, o Japão se preocupa com o crescimento recente das capacidades militares da China, sem transparência da situação, e também com relação às intensas atividades marítimas chinesas. Pretendemos encorajar que a China desempenhe um papel adequado como membro responsável da comunidade internacional com uma maior transparência.
O Japão e a República da Coréia são os países vizinhos mais importantes um para o outro, compartilhando valores e interesses básicos. Visitei o país no dia 15 deste mês e confirmei que nossos dois países pretendem se esforçar para construir uma relação estratégica entre eles, em uma amplitude de áreas, incluindo política, economia, intercâmbios e segurança. Com relação ao Acordo entre Japão e Coréia do Sul sobre os arquivos, busco seu apoio na deliberação aprovação sem demora nesta sessão da Assembléia Legislativa do Japão – DIETA. O ano passado marcou o 100º aniversário da anexação da Coréia pelo Japão. Consideramos que este ano será o ano inaugural de um novo século orientado para o futuro, e pretendemos aumentar a profundidade das relações de cooperação entre os dois países.
Além disso, para dar apoio a cada uma das relações bilaterais entre Japão, China e Coréia do Sul, e para consolidar ainda mais a paz e estabilidade regional, vamos ampliar com solidez a cooperação trilateral entre os países para o sucesso da Cúpula Trilateral entre Japão, China e Coréia do Sul, que será presidida pelo Japão este ano.
Em termos da relação com a Rússia, trabalharemos com um comprometimento firme pela resolução do assunto mais delicado entre os dois países, isto é, a questão dos Territórios do Norte. Ao mesmo tempo, nos esforçaremos para progredir em nossas relações com a Rússia em cada uma e em todas as outras áreas para que os dois países possam construir laços adequados como parceiros na região da Ásia e do Pacífico. Com base nessa ideia, gostaria de visitar Moscou assim que possível e realizar discussões frutíferas com minha contraparte russa.
Com relação à Coréia do Norte, buscaremos normalizar as relações entre os países por meio de uma ampla resolução dos assuntos pendentes, como a questão dos sequestros, questões nucleares e de mísseis, e também por meio da resolução do passado de infortúnios, de acordo com a Declaração de Pyongyang entre Japão e República Popular Democrática da Coréia. O Japão se esforçará por uma coordenação ainda mais próxima com a comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, em relação às violações de direitos humanos por parte da Coréia do Norte, incluindo sequestros. Levaremos adiante todos nossos esforços para alcançar o retorno imediato de todos os sequestrados. O Japão condenou fortemente o ataque de artilharia da Coréia do Norte na Ilha de Yeonpyeong. Também temos preocupações sérias sobre o anúncio do programa de enriquecimento de urânio da Coréia do Norte, que viola a Declaração Conjunta das Negociações entre Seis Partes. É extremamente necessário que a Coréia do Norte implemente com seriedade a Declaração Conjunta. Em coordenação com os países relevantes, incluindo os EUA e a Coréia do Sul, o Japão pedirá veementemente que a Coréia do Norte tome ações concretas pela desnuclearização e para que sejam implementadas outras questões de acordo com a Declaração Conjunta das Negociações entre Seis Partes e as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O papel da Associação das Nações do Sudeste Asiático – ASEAN (Association of Southeast Asian Nations) tem crescido na comunidade internacional. O Japão apoiará o estabelecimento da comunidade da ASEAN e o fortalecimento de sua interconectividade, o que ajudará a elevar a integridade da ASEAN. Também vamos formular uma nova “declaração” e um novo plano de ação para levar a relação entre o Japão e a ASEAN a um novo nível. Além disso, vamos aprofundar nossas relações com a região do Mekong.
O Japão vai reforçar fundamentalmente sua parceria estratégica com a Indonésia, que está na presidência da ASEAN para este ano. Em março, o Japão será co-organizador do Fórum Regional da ASEAN – Exercício de Ajuda em Desastres – ARF-DiREx (ASEAN Regional Forum – Disaster Relief Exercise) para desenvolver a capacidade da região em responder a situações de desastre. Além disso, vamos promover diálogos com países que estão no início do processo democrático, participando ativamente do Fórum sobre Democracia em Bali. Em relação à Cúpula do Leste Asiático – EAS (East Asia Summit), recebemos com satisfação a participação dos EUA e da Rússia. Esforçaremos-nos ativamente para que a EAS desempenhe um papel mais relevante pela paz e prosperidade da região da Ásia e do Pacífico.
Com a Austrália, vamos avançar na cooperação de segurança e fortalecer a interdependência econômica, tomando por base as conquistas de minha visita ao país no último mês de novembro. Em relação a isso, busco seu apoio na deliberação e aprovação sem demora do Acordo de Aquisição e Serviços Militares Coordenados entre Japão e Austrália – ACSA (Japan-Australia Acquisition and Cross-servicing Agreement) durante esta sessão da DIETA.
O Japão vai cooperar com a Índia em uma ampla variedade de assuntos, incluindo economia e segurança, além de desenvolver ainda mais a “Parceria Global e Estratégica entre Japão e Índia”. Também vamos fortalecer um diálogo com a República de Myanmar para buscar uma maior ampliação da democratização e da reconciliação nacional do país.
O Japão e a Europa são grandes parceiros e compartilham valores básicos entre si. O Japão trabalhará em forte proximidade com os países europeus, incluindo o Reino Unido, a Alemanha e a França, que tem a presidência do G-20 e do G-8 deste ano, assim como com a União Européia, que tem aprofundado sua integração.
Planejamos intensificar ainda mais a colaboração e cooperação com países da América Latina, incluindo países emergentes como o Brasil e o México, que têm aumentado sua presença de forma expressiva na comunidade internacional.Gostaria de começar a falar sobre os esforços do Japão para solucionar assuntos globais.
Quanto às mudanças climáticas, o Japão manterá esforços continuados para avançar nas negociações, tomando por base os Acordos de Cancún do ano passado para promover a adoção de um novo documento legal com maior abrangência. Sobre a conservação da biodiversidade, o Japão vai colocar em prática de forma vigorosa os resultados alcançados na 10ª reunião da Conferência das Partes (COP 10) da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB, realizada no ano passado. Para ampliar esses esforços, o Japão continuará fazendo uso de sua assistência a países em desenvolvimento.
O Japão utilizará a ODA de forma estratégica e efetiva para resolver diversas questões na comunidade internacional, assim como para alcançar a paz e prosperidade do Japão. Para esse fim, com base na “Revisão da ODA”, o Japão continuará a atribuir prioridade alta à redução da pobreza, contribuindo para a conquista dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – ODMs, investindo na paz, e apoiando o crescimento sustentável. Em particular, o Japão pretende dar mais importância na utilização ativa da ODA para promover a diplomacia econômica que mencionei anteriormente, uma vez que isso beneficia tanto o Japão como os países parceiros. O Japão também pretende apoiar o conceito de segurança humana como contribuição à conquista dos ODMs. Vamos sediar uma conferência internacional em junho deste ano para acompanhar os progressos da Reunião Plenária de Alto Nível da Assembléia-Geral das Nações Unidas sobre os ODMs.
Além disso, para apoiar a África, que sofre com conflitos e pobreza apesar do crescimento econômico, o Japão vai implementar com firmeza os compromissos feitos na TICAD IV, incluindo, entre outros, o de dobrar nossa ODA para a África, e o de dar suporte ao desenvolvimento e crescimento da região.
A cooperação com as operações de manutenção da paz – PKOs (peacekeeping operations) das Nações Unidas é uma das formas mais efetivas para o Japão contribuir ativamente para a paz e estabilidade da comunidade internacional. Da mesma forma com que as Forças de Autodefesa do Japão já fizeram contribuições importantes em países como o Haiti, o Japão considerará fazer maiores contribuições para que possamos desempenhar um papel ainda mais ativo. O Japão também fornecerá assistência de forma engajada pela consolidação da paz em áreas de conflito e países vulneráveis, incluindo o Sudão e a Somália.
Este é o décimo ano desde os atentados de 11 de setembro. A erradicação do terrorismo e do crime organizado continuam sendo um problema para toda a comunidade internacional. O Japão também pretende continuar seus esforços para combater essas ameaças.
A estabilidade e reconstrução do Afeganistão e Paquistão estão entre os assuntos mais prioritários para o Japão e a comunidade internacional. Quanto ao Afeganistão, o Japão implementará com vigor uma assistência de até 5 bilhões de dólares em um período de cinco anos nas áreas de segurança, reintegração e desenvolvimento. Quanto ao Paquistão, o Japão manterá sua assistência para que o Paquistão possa se recuperar dos danos das enchentes do ano passado e para que o país possa acelerar a adoção de medidas de segurança e reforma econômica.
Quanto ao processo de paz no Oriente Médio, o Japão contribuirá para o avanço do processo de paz por meio de sua assistência aos palestinos, entre outros esforços.
Como um estado marítimo, é importante para o Japão assegurar a segurança da navegação marítima. O Japão continuará a conduzir as Medidas Anti Pirataria realizadas pelas Forças de Autodefesa e outros parceiros, além de continuar auxiliando nos esforços de países vizinhos como a Somália para assegurar a capacidade de manter a segurança marítima.
Com relação à não-proliferação e desarmamento nuclear, para promover a implementação firme do acordo da Conferência de Revisão do TNP de 2010, o Japão prosseguirá com as atividades da “Reunião de Ministros das Relações Exteriores sobre Desarmamento e Não-proliferação” lançada no ano passado, além de liderar discussões na comunidade internacional com o objetivo de alcançar um “mundo livre de armas nucleares” por meio da redução do risco nuclear. No processo até a Cúpula sobre Segurança Nuclear do próximo ano, vamos reforçar a cooperação com a Coréia do Sul, que sediará o encontro, e com os EUA para avançar na tomada de medidas concretas. Quanto à questão nuclear do Irã, em coordenação com a comunidade internacional, o Japão continuará a pedir veementemente que o Irã mova em direção a uma solução pacífica e diplomática.
Em relação aos direitos humanos e assuntos humanitários, é importante que o status dos direitos humanos e liberdades fundamentais como valores universais seja assegurado em todos os países e regiões do mundo, assim como no Japão. Continuaremos a fazer esforços para promovê-los em diversos arcabouços, incluindo nas Nações Unidas e nos diálogos bilaterais sobre direitos humanos. Além disso, com o objetivo de resolver questões sobre refugiados, pretendemos aceitar de forma engajada os refugiados dentro da estrutura do Programa de Restabelecimento de Refugiados que foi lançado neste ano fiscal.
No enfrentamento dessas questões globais, o Japão vai liderar as discussões nos fóruns relevantes como o G-8 e o G-20. O Japão atribui grande importância ao papel das Nações Unidas. De forma a ampliar sua efetividade, vamos promover ativamente a reforma institucional das Nações Unidas e o fortalecimento de suas funções. Em particular, vamos trabalhar ativamente pela realização da reforma do Conselho de Segurança o quanto antes, com a inclusão do Japão como membro permanente para tornar o Conselho de Segurança uma instituição legítima que reflita a realidade da comunidade internacional atual. Além disso, o Japão buscará aumentar o número e fortalecer a presença de funcionários japoneses em organizações internacionais, incluindo nas Nações Unidas.Criando um Ambiente propício para ampliar a Capacidade Diplomática Abrangente do Japão
Por fim, eu gostaria de discutir a ampliação da capacidade diplomática abrangente do Japão, que é necessária para executar as políticas que descrevi anteriormente. O governo vai melhorar a estrutura do Ministério dos Negócios Estrangeiros, abrindo novas missões diplomáticas e realocando os funcionários. Ao mesmo tempo, vamos fortalecer a estrutura de implementação da política externa em áreas como segurança da informação e análise e coleta de dados de inteligência. Também trabalharemos no uso efetivo do orçamento, na administração apropriada de documentação e na publicação de arquivos diplomáticos, visando cumprir nossas responsabilidades para com o povo japonês.
Além disso, é essencial ganhar o entendimento e a confiança dos povos de países estrangeiros em relação ao Japão. Por isso, vamos comunicar ativamente nossas principais políticas externas para o mundo, e disseminar de forma estratégica a cultura e situação atual do Japão, promovendo o idioma japonês e ampliando ainda mais os intercâmbios entre pessoas. Estou convencido de que esses esforços também ajudarão o Japão a implementar uma promoção natural de suas políticas externas e a dar apoio às empresas japonesas para sua expansão internacional.
Além desses esforços por parte do governo, promoveremos uma diplomacia integrada de “todo o Japão”, reforçando a cooperação com governos locais, organizações sem fins lucrativos (NPOs), e o público em geral. Trabalharemos para criar um ambiente e uma estrutura de apoio adequados para cidadãos japoneses que vivem ao redor do mundo e empresas com projeção no exterior, para que esses possam exercer seus respectivos potenciais. Tais esforços ampliarão os pontos fortes nacionais do Japão como um todo.
A Ásia e a comunidade internacional estão em uma era de mudanças dinâmicas. Em meio a essas turbulências, para que possamos continuar desempenhando um papel relevante em prol da paz e prosperidade mundial, não devemos esquecer que as capacidades de cada indivíduo do povo japonês serão forças determinantes. Foi a originalidade e a iniciativa independente do povo que criou o Japão dos dias de hoje. Se buscarmos estabelecer um novo Japão para o amanhã, e criar uma nova ordem na Ásia e no mundo com esse espírito e esse orgulho, poderemos transformar os desafios atuais em oportunidades. Tenho certeza de que somos capazes de criar um novo futuro se cada um de nós agirmos com determinação. Por intermédio do gerenciamento da diplomacia da Administração do Primeiro-Ministro Kan, eu declaro aqui a minha determinação em liderar esses esforços.
Solicito sinceramente o apoio e a cooperação de todos os membros da DIETA e do povo japonês no empreendimento desses esforços.