História dos 130 Anos de Amizade Japão-Brasil (Século XIX - década de 1940)

     Século XIX - década de 1940: Início das relações Japão-Brasil até a sua interrupção
 

 

     Quatro japoneses à deriva no mar foram salvos por um navio de guerra russo e, durante a viagem de repatriação ao Japão, o navio fez escala em Florianópolis (SC). Foram os primeiros japoneses a pisar em solo brasileiro.
 

     O navio de guerra Kaiyô-Maru, onde estava a bordo ENOMOTO Takeaki, fez escala no Rio de Janeiro.

1874

     O brasileiro Dr. Almeida visitou o Japão como um dos integrantes do Grupo de Expedição Astronômico Francês.
 

     O navio de guerra brasileiro Vital de Oliveira aportou no Japão.
 

     O cruzador brasileiro Almirante Barroso fez escala no porto de Yokohama. A tripulação e o Príncipe Dom Augusto Leopoldo, que estava a bordo, tiveram uma audiência com Sua Majestade o Imperador Meiji. Na volta ao Brasil, a embarcação levou OTAKE Wasaburo (elaborador do primeiro dicionário português-japonês do Japão).
 

     NEMOTO Tadashi, Secretário da “Sociedade Colonizadora” (Shokumin Kyôkai) fundada por ENOMOTO Takeaki no ano anterior, visitou o Brasil.
 

     SONE Arasuke, ministro plenipotenciário do Japão na França, e Gabriel de Toledo Piza e Almeida, ministro plenipotenciário do Brasil na França, firmaram o Tratado de Amizade, de Comércio e de Navegação entre Japão e Brasil na cidade de Paris, iniciando oficialmente as relações diplomáticas entre as duas nações.

Ratificação do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Japão e Brasil

Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão
 

     Troca de nota de ratificação do Tratado e instalação da missão diplomática do Japão em Petrópolis, RJ, então capital do Brasil. CHINDA Sutemi foi o primeiro-ministro nomeado para a missão diplomática do Japão no Brasil. O ministro Henrique Carlos Ribeiro Lisboa tomou posse da missão do Brasil no Japão.
 

     O ministro SUGIMURA Fukashi assumiu a missão japonesa no Brasil. Como havia muitas propostas brasileiras pedindo por imigrantes, inclusive do próprio presidente da república, em junho, SUGIMURA redigiu um relatório de visita recomendando o estado de São Paulo como sendo o melhor destino para os migrantes japoneses e enviou ao governo japonês.
 

     Com as novas leis promulgadas, MIZUNO Ryo, da Companhia Imperial de Imigração (Kôkoku Shokumin Kaisha], firmou contrato com o Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo Carlos Botelho, comprometendo-se a “introduzir 3 mil famílias japonesas de 3 integrantes ou mais no prazo de 3 anos”.

1908

     Kasato-Maru, o primeiro navio com 718 imigrantes japoneses para o Brasil, partiu do porto de Kobe. O navio chegou ao porto de Santos em 18 de junho, depois de fazer escala em Singapura e cruzar o Cabo da Boa Esperança.

Registro de nome dos imigrantes do Kasato-Maru

Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão
 

     O Cruzador japonês Ikoma ancorou no Rio de Janeiro. Foi a primeira visita oficial de um navio japonês ao Brasil.
 

     Estabelecimento do Consulado-Geral do Japão em São Paulo. MATSUMURA Sadao assumiu como o primeiro Cônsul Geral.
 

     Por ocasião do centenário da independência do Brasil, o governo japonês enviou três navios de treinamento naval e HORIGUCHI Kumaiti, então ministro da missão diplomática no Brasil, participou como embaixador em missão especial.
 

     A Sociedade Japão-Brasil (Nippaku Kyôkai) foi fundada em Kobe.
 

     A primeira “Hospedaria Nacional dos Emigrantes” (Kokuritsu Imin Shûyôjo) foi fundada em Kobe – posteriormente conhecido como Centro de Emigração de Kobe (Kobe Ijû Center).
 

     Fundação da Associação Central Nipo-Brasileira (Nippaku Chûô Kyôkai). 

     A Sua Alteza Imperial o Príncipe Takamatsu assumiu como presidente da fundação.
 

     Promulgada a Constituição de 1934 que incluía o “Artigo dos dois por cento”. O artigo regulamentava uma cota anual para a entrada de cada nacionalidade limitada em dois por cento sobre os imigrantes das respectivas nacionalidades que entraram no Brasil nos últimos 50 anos até 1933. No caso japonês, o número de imigrantes que entraram no Brasil até essa data foi de 142.457 pessoas, ficando a cota de 2% em 2.849 pessoas.

     Como relações diplomáticas a nível privado, uma comitiva empresarial liderada por HIRAO Hachisaburo, presidente da Kawasaki Companhia de Construção Naval, foi enviada ao Brasil. Em retribuição, uma comitiva empresarial brasileira foi enviada ao Japão.
 

     Inauguração do Hospital japonês (Hospital Beneficente Nipo-Brasileiro Santa Cruz). O hospital geral possuía equipamentos e instalações modernos para a época, num edifício de cinco andares à superfície e um subsolo, com 76 quartos e 200 leitos.
 

     Abertura da Câmara de Comércio Japonesa em São Paulo. Foi assinado o “Convênio de Intercâmbio Cultural entre o Brasil e o Japão”. Foi o primeiro convênio desta natureza que o Japão fez com um país das Américas. Em novembro do ano seguinte, trocaram notas de ratificação, mas logo depois o convênio foi anulado sem qualquer efeito prático porque a Guerra do Pacífico eclodiu em 8 de dezembro de 1941 e as relações diplomáticas entre os dois países foram cortadas.
 

     O último navio de imigrantes japoneses antes da Segunda Guerra Mundial, Buenos Aires-Maru, partiu do porto de Kobe. E a vinda de imigrantes japoneses ao Brasil foi interrompida por causa do rompimento das relações diplomáticas. No total, 188.986 japoneses entraram no Brasil como imigrantes em 33 anos, desde 1908.
 

     Em janeiro, no último dia da Reunião de Consulta dos Chanceleres Americanos no Rio de Janeiro, o ministro das Relações Exteriores Osvaldo Aranha declarou o rompimento das relações diplomáticas com o Japão.