Depoimentos de Ex-bolsistas MEXT de Cultura e Língua (Letras Japonês)
2023/10/26
Júlia Cristina Valverde da Silva Bolsista MEXT de 2022 ![]() Ao assistir animações que mostravam o interior do Japão, as intimidadoras cadeias montanhosas e a mudança das estações refletidas na natureza, estudar no Japão foi um sonho persistente. Não foi um reencontro com a terra dos meus antepassados ou nada do tipo, mas poderia dizer que muitas das experiências possibilitaram crescimento pessoal e reencontro com a minha “brasilidade.” O que mais marcou minha estadia no Japão foi o fator humano. Acredito que nunca conheci tantas pessoas em um período tão curto de tempo. O grupo de 日研生 (nikkeisei), os estudantes do programa de língua e cultura japonesa, era formado por pessoas de 8 países , mas longe de sermos separados pelas diferenças de hábito e crença, fomos unidos pelo nosso apreço à língua japonesa e pela experiência de ser o “Outro” em um país estrangeiro. Juntos, vivenciamos o ensino superior japonês na Universidade de Wakayama, a visita a clubes escolares (de Nou e Kyuudou, por exemplo), os trabalhos de campo em Osaka e Wakayama, assim desvendando, pouco a pouco, as camadas que formam a sociedade japonesa. Nossa língua em comum era o japonês e nessa língua, que não era a nossa materna, comunicamos nossos sonhos para o futuro, ambições, tristezas e saudades. No ápice do inverno japonês, trabalhamos no Santuário Niutsuhime como 巫女さん (mikosan). Lá, demos direcionamento e cumprimentamos os visitantes do santuário que haviam ido rezar e recepcionar o ano novo. O ritual de juntar as mãos e se curvar, por mim observado uma centena de vezes, era calmante e cheio de anseio coletivo. “Que seus desejos possam se realizar.” Após voltar do Santuário, começou um sentimento que seria recorrente toda vez que deixasse Wakayama, o desejo inexplicável de para lá retornar. |